Nosso chamamento estende-se por dois momentos singulares.
“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Porque, que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?” Lucas 18-25.
- No primeiro momento, Jesus deixa claro que qualquer um dos que estão com Ele pode, muito bem, dizer “não” ao seu chamado. “Se alguém” esta é a condicional, que é clara. Somos livres e jamais fomos encabrestados para atender o convite ao discipulado, porém não existe nenhuma categoria de servo que não seja esta. Portanto, entendo que se estamos salvos é para servir; e se não atendemos a esse convite é porque a salvação ainda não chegou ao nosso coração. “Veja o coração daqueles que recebem a semente, mas a fascinação pelas coisas do mundo lhe mata a semente.” Mateus 13.22
Ainda nesse primeiro momento Jesus deixa claro que para ser discípulo é preciso se esvaziar do ego patologizado, doentio, diabólico e estar pronto para se doar nesta causa que nos leva a uma cruz. Onde o final dessa cruz é a mortificação verdadeira e nunca uma encenação. A disposição para morrer a cada dia, assumir riscos, ir até as últimas conseqüências por esta causa santa. Vivendo isso, Paulo disse: “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”. Atos 20.24.
O resultado do discipulado está na perda e não nos achados da vida, por isso é preciso o desligamento total dos anseios, sonhos paixões e continuar indo até onde não é permitido a ninguém ir.
Por fim, neste primeiro momento, Jesus esclarece que a única possibilidade de sucesso para este chamado é seguir a Ele, onde, já sabemos qual foi o resultado final da vida terrena de Jesus.
“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, Dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar. Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo. Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” Lucas 14. 26-35
- No segundo momento, o sermão de Jesus passa a ser mais consistente. Primeiro Jesus fala daqueles que já vieram a Ele, aqueles que já disseram sim. Depois de dito o sim, Cristo passa a ser o centro de toda a nossa atenção. Aquele que não aborrecer a lista acima não pode ser discípulo de Cristo.
É impossível, também, ser discípulo sem cruz. A cruz é o marco do compromisso e a convicção firmada na entrega total da vida.
No caminho do discipulado não existe lugar para retrocesso ou fracassos. O currículo do discípulo não pode deixar rastro de fracassos. Veja nos versículos 28 a 30 a recomendação de Jesus. Antes de qualquer avanço faça os cálculos, não com o propósito de desistir, mas para ir até o fim, para que o rastro do fracasso não manche o nosso currículo. Existe coisa mais feia que uma construção sem terminar? Paulo recomendou a todos os discípulos para avançar até alcançar a vitória total. “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.” 1Co 9. 24.
A diferença entre aqueles que atendem ao chamado de Cristo e os aventureiros – que até tentam, mas não avançam – é simples: Cristo garante o sucesso na caminhada do homem chamado, Ele garante nosso triunfo. “Os passos de um homem bom são confirmados pelo SENHOR, e deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o SENHOR o sustém com a sua mão.” (Salmo 37. 23,24). “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para firmá-lo.” (Romanos 14.4).
Por fim Jesus nos ensina outra grande lição: que tipo de guerra queremos? Isto implica na capacidade que devemos ter de retroceder, voltar atrás, promover a paz. Quando entramos em uma guerra, precisamos estar revestidos de toda a armadura de Deus. Não esperamos o momento certo e avançamos sem ter a plenitude da armadura. Isso implica em muitos sem capacetes alvejados em seus próprios sentimentos. Muitos sem escudo, que ficam atrofiados quando atingidos pelos dardos inflamados do maligno. Muitos trôpegos que não se prepararam e acabaram se atolando nos lamaçais do diabo.
O que Jesus nos ensina nesse segundo momento é que não existe margem para erros. Ou vamos sabendo dos riscos, ou não vamos; mas quem entra nesta “guerra santa” deve saber que não há concessões, Cristo não nos deixa para trás nem que tenha de mandar um grande peixe nos tragar, ou nos fazer voltar ao Egito depois de 40 anos. Uma vez dito o sim, Ele não abrirá mão do nosso serviço. “E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.” Lucas 9.62
Pastor Elias de Andrade
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